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O culto aos ancestrais familiares

 Quando um parente nosso falece, um guia normalmente nos recomenda rezar uma missa
de sétimo dia, ou uma missa e não comparecer. O candomblé nos encaminha para um ebó
branco (ebó com peixe vermelho ou algo que o valha). O espiritismo nos dá a solução de
fazer uma prece aos guias espirituais para que auxiliem esta passagem. A filosofia de Ifá
nos manda fazer uma oferenda aos antepassados familiares que nos protegem para dar
socorro a este ente e auxiliá-lo na transição e aceitação, inicialmente seriam molhar a terra
com dendê para apaziguar estas forças e os espíritos da terra (araiyê). Se possuirmos
espíritos familiares que se apegam à matéria e nos fazem mal, por que haveria uma necessidade de cultuá-los?

Segundo o Kardecismo possuímos espíritos familiares que possuem a missão de auxiliar-
nos na nossa jornada. Estes auxiliam ao nosso mentor espiritual, que trabalha para a
evolução da nossa moral e evitar nosso desvio por intermédio dos espíritos simpáticos
(espíritos desencarnados que se aproximam de nós por semelhança aos nossos desejos
e pensamentos assim tendem a nos influenciar para o bem ou o mal). Para entendermos
melhor...

A explicação vem, segundo o livro dos espíritos:

Comentário de Kardec: Das explicações acima e das observações feitas sobre a
natureza dos Espíritos que se ligam ao homem podemos deduzir o seguinte:

"O Espírito protetor, anjo da guarda ou bom gênio, é aquele que tem por missão seguir
o homem na vida e o ajudar a progredir. É sempre de uma natureza superior à do
protegido.
Os Espíritos familiares se ligam a certas pessoas por meio de laços mais ou menos
duráveis, com o fim de ajudá-las na medida de seu poder, frequentemente bastante
limitado. São bons, mas às vezes pouco adiantados e mesmo levianos, ocupam-se
voluntariamente de pormenores da vida íntima e só agem por ordem ou com permissão
dos Espíritos protetores.
Os Espíritos simpáticos são os que atraímos a nós por afeições particulares e certa
semelhança de gostos e de sentimentos, tanto no bem como no mal. A duração de suas
relações é quase sempre subordinada às circunstâncias.
O mau gênio é um Espírito imperfeito ou perverso que se liga ao homem com o fim de
desviá-lo do bem, mas age pelo seu próprio impulso e não em virtude de uma missão.
Sua tenacidade está na razão do acesso mais fácil ou mais difícil que encontre. O
homem é sempre livre de ouvir a sua voz ou de repeli-la. (O livro dos espíritos, Allan
Kardec, tradução de José Herculano Pires)"

Através de prece, transformação da nossa postura, e vigília constante com nossos
pensamentos e impulsos, tendemos a afastar estes espíritos simpáticos mal intencionados.

Da mesma forma Orunmilá, através do oráculo de Ifá, nos receita cultuar nossos ancestrais
familiares (esa) para afastar males espirituais que se originam na herança espiritual do
ser. Segundo esta filosofia os ancestrais (eégún) familiares possuem o poder de afastar
espíritos desorientados (eégún). As receitas constituem de banhos, frutas, flores e orobô.
Segundo o livro Tratado dos 256 odus de Ifá são elas:

“Odu Osálogbe - osálofogbejó
Tem que mandar celebrar missas, acender velas e fazer orações para os familiares
mortos.”.
“Odu oyekusá - rikusá
Cuide de um eégún familiar que, em sua vida, sofria das pernas ou usava muletas.”.
“Odu iworiboká
A pessoa tem que levar um ramo de flores a um cemitério e, depois de passá-lo no
corpo invocando todos os seus familiares mortos, deve colocá-lo numa sepultura
abandonada.”
“Odu okanrandi
Os filhos deste Odu são muito ligados aos Eégún, quer sejam seus familiares ou seus
protetores.” 
“Odu Ikayekú - ikabikú
Dá-se comida a Ikú e aos Eégún ancestrais familiares.”
“Odu oturukponfun
A pessoa tem que mandar rezar missa por seus familiares defuntos.”
“Odu Ireteyekú
A pessoa para quem saia tem que mandar rezar missas para os familiares e amigos
mortos.”
“Odu òséòtúrá
Tem que mandar rezar missa aos familiares falecidos.”
(Tratado dos 256 odus de Ifá, Obaoriate Okarandy e Awofakan Ika Ogundá, tradução
de Adilson Antônio Martins, páginas 366, 93, 128, 300, 406, 473, 517, 579).

O culto banto nos ensina a fazer representações dos nossos parentes em uma quartinha
e cuidá-lo com se fosse o mesmo parente, só que em um mundo diferente e que o mesmo
nos guia neste mundo.

A necromancia, arte de cultuar os mortos através dos seus antigos corpo físicos, ensina
a criar entidades negras e manipulá-las a partir de oferendas e representações feitas
com o corpo em decomposição, aproveitando-se do desejo e apego daquele ser aos vícios
terrenos.

A magia negra utiliza-se de sacrifícios de sangue para dar vida às entidades chamadas
de ‘cascarões’ criados a partir das partes dos ossos destes ancestrais. Estas entidades são
vistas pelo kardecismo e magia ocidental como sendo vampiros astrais, agentes diretos do
vampirismo energético. Citando o ‘curso de tarô e magia’:

“Fantasmas, Cascões ou Cascarões: São restos do duplo-etérico que fica em torno de um
recém morto, geralmente aproveitados e manipulados por um mago, a fim de dar vida
temporariamente para um determinado trabalho ou função; pode tanto ser dirigido para o
bem como para o mal”.

Muitas filosofias de Magia oriental rendiam homenagem através de frutas e preces.
Cheng meng - Dia dos mortos na China (foto)


Entendemos que em várias religiões rendem-se homenagens aos espíritos familiares. E também existem espíritos menores (espíritos simpáticos). Aqui evidenciamos uma grande verdades do universo:
                                                                     
“Semelhante atrai semelhante!”

Uma das maiores máximas do universo. Esta lei é explicada pelos espíritos simpáticos
quais se atraíram através do nosso pensamento, ou vibração no plano mental, e
estes por sua vez acabam atraindo mais semelhantes (formando uma egrégora).
Mas também explica a nossa filiação material, nossos empregos, nossas amizades e
relacionamentos, nossas escolhas religiosas e o grau da nossa evolução...

E também uma afirmação pode ser feita:

"Ancestrais familiares nos influenciam!"

Existem espíritos de antepassados nossos que pertenceram a nossa família e nos
protegem ou atrapalham, segundo sua evolução espiritual e nosso merecimento. Por
isso devemos lhes render preces e homenagens.

Muitas pessoas chegam às casas umbandistas sofrendo de doenças espirituais causadas
por influência destes parentes mal encaminhados. Vemos frequentemente famílias
sofrendo males por gerações, que são passados de pai para filha, e de filho para neta.
Algumas famílias onde o alcoolismo vence como um elo familiar, ou o narcotismo, ou
a depressão, ou síndrome do pânico, ou tabagismo. Estes males são remanescentes do
apego de um espírito familiar desencarnado aos seus vícios e atração do mesmo sobre
seus descendentes. Um bem material como o dinheiro ou um imóvel é passado aos
descendentes por meio de herança, e assim acontece com os bens ou males espirituais. Um
dom ou doença. Aos herdeiros cabe a função de cuidar dos bens e aumenta-lo, no caso das
doenças temos de curá-las!

Alguns exemplos de doenças espirituais causadas por influência negativa dos nossos
ancestrais e que se originam no nosso D.N.A. espiritual:



Depressão, vampirismos ou parasitismo (parasitas astrais,) alcoolismo, narcotismo,
obsessão espiritual, tabagismo, síndrome do pânico, síndrome do estrangeirismo,
tendências homicidas, alguns distúrbios sexuais, infarto, aborto, miséria, inveja e
bipolarismo.



Mas da mesma forma como existem parentes falecidos que nos influenciam de maneira negativa existe
uma egrégora familiar positiva (ancestrais familiares que nos protegem). A segunda é desapegada do sofrimento na nossa esfera, e por se encontrar em outra realidade tende a auxiliar a passagem dos parentes em transição.

Facilmente podemos ser causadores do sofrimento e apego destes espíritos. Principalmente quando sem uma preparação ou ritual com esta finalidade, nos permitimos entrar em contato com rituais de sacrifício animal para entidades, e ao invés das entidades, o nosso parente mal orientado vem a receber aquela consagração. Transformando-se num parasita espiritual, e o médium começa a ter os mesmos costumes, vícios e impulsos do falecido espírito.

Na maioria das casas umbandistas somos encaminhados à linha das almas em pedido de
auxílio aos parentes recém-desenlaçados, com uma oferenda de mingau de amido de milho
ou acaçá (farinha de milho branco).

Acredito que a melhor oferenda é aquela que é sincera.

Seja o que for se são preces ou frutas, velas, mingau de acaçá, mingau de maisena ou de aveia, flores, ovos, pratos de comida favoritos da pessoa, bolos da fruta favorita, água de canjica ou mingau de mandioca, só terá resultado de você acreditar! Pois o combustível desta magia de comunicação com o outro mundo é a fé.

Um dia aprenderemos a fazer uma oferenda em todos os planos de energia.
Oferenda espiritual = luz
Oferenda mental = Um pensamento
Oferenda emocional = Um sentimento
Oferenda material = A que você puder colocar mais fé.

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