A Roupa Branca
Se percebermos as instituições criadas pelos seres humanos com certa minúcia, notaremos que há uma tentativa de padronizar a aparência externa de vários grupos através do uniforme.
O uniforme é um símbolo do trabalho que está sendo efetuado por um grupo. O uniforme na Umbanda é sem dúvida a roupa branca.
A origem do uso da roupa branca no serviço espiritual se perde na história. Se voltarmos um pouco na memória temporal perceberemos que há milênios a mesma é usada na obra da espiritualidade. Como exemplos têm:
• Os sacerdotes africanos há mais de cinco mil anos;
• Os faraós e sacerdotes egípcios há mais de 5 mil anos;
• Os druidas há mais de 4 mil anos;
• Os brâmanes na índia há mais de 4 mil anos
• Os sacerdotes gregos e legisladores romanos em torno de 3 mil anos atrás.
• Os essênios (moradores da cidade de Belém na época em que Jesus nasceu, talvez disto venham as retratações deste Mestre em túnicas claras).
Desta forma parece-nos de grande importância que todos médium na faculdade de Umbanda dê atenção merecida e se esclareça a este respeito.
Primeiramente devemos observar que precisamos de algo que para nós sinalize a transição entre um estado e outro. A roupa branca também é este portal pelo qual passamos. Fazemos uma transição entre a atividade do mundo, profana, voltada aos nossos interesses pessoais e a atividade espiritual buscando ideais mais puros.
O branco também simboliza a castidade, a limpeza física, e Pureza de pensamento. Da mesma forma a erva de algodão representa a proteção imaculada, nada pode sujar quem por ela estiver protegido.
São inúmeras as alegorias que podem ilustrar o desejo da mente humana ao colocar a roupa branca: As nuvens claras do céu, a claridade, a luz espiritual, a saúde, vida e desencarne (uniforme dos profissionais da área da saúde).
Limitaremos-nos por hoje a algumas lendas que parecem estar relacionadas com esta transição entre o plano físico e interesses pessoais para a nova vida à partir da primeira roupa branca como trabalhador na Seara de Umbanda.
As lendas da criação ioruba ilustram um Orixá chamado Oxalá, cujo nome é uma contração de Orixá + Alá, sendo Orixá = uma força da criação e Alá = pano branco, ou Obatalá sendo Oba = rei, ti = do e alá = pano branco (as nuvens que cobrem a terra como um pano protetor ou também referência aos Orixás que moldam o universo antes das cores existirem, num plano de luz, o Big-bang). Nestas lendas o Orixá do branco molda a matéria e o barro, depois produz os primeiros bonecos de barro e insufla-os com o sopro, dando-lhes vida e alma aos seres vivos. O nome deste sopro em ioruba é èmí (emí).
No gênesis judaico encontramos a referência do sopro da alma no boneco de barro Adão (que em hebraico significa barro vermelho):
“Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente.” – Gênesis 2:7
Desta forma segundo muitas outras escrituras, ao encarnarmos pela primeira vez, há milênios ou mais, o corpo físico recebeu o sopro da alma, e após sucessivas encarnações este sopro passa de corpo em corpo na busca de algo.
A alma de origem divina cobre-se com a roupa da carne e de encarnação em encarnação, a alma troca de pele como trocamos de roupa.
Se considerarmos que o sopro vem de um plano de luz, claro, iluminado e puro, atribuiremos ao sopro (que não tem cor) alguma cor que conheçamos e que mais se aproxime disto: O branco.
Quando nascemos este branco toma colorido nas formas da matéria, em nossos corpos, ervas, flores, animais e etc.
Na tentativa de regressarmos às nossas essências eternas, tomamos o uniforme branco dizendo para nós mesmos que algo em nossa vida precisa ser mudado, ou não está indo tão bem. Queremos trilhar um novo caminho em vez de nos perdemos pelo materialismo, tomamos a decisão de reencontrar a felicidade de outrora.
Em outro sentido também usamos o uniforme de trabalho na Umbanda para nos unir, pois com a roupa branca fica mais fácil de perceber que somos iguais na essência. Cada um busca algo do lado de fora, mas de branco buscamos o mesmo objetivo.
Na vida comum temos as nossas cores, personalidades, vaidades e devemos respeitar a individualidade que lutamos para conseguir. Justamente por ser únicos e nenhum é igual ao outro. Queremos ser mais diferentes do que fomos hoje, e talvez melhores em nossas atitudes.
Mas com a roupa branca assumimos com humildade que tentamos e não conseguimos sozinhos e que agora de roupa branca que tentaremos e conseguiremos juntos os nossos objetivos.
Antes de terminarmos pedimos juntos as seguintes reflexões:
Quais são os interesses que você busca na vida pessoal e o que pretende em seus objetivos espirituais?
O que buscas em uma casa espiritual?
Você divide?
Há diferença?
Ao iniciar uma gira quando está de roupa branca você faz preces?
Quais os últimos pedidos que fez em uma oração dentro de uma gira?
Boa reflexão!
Muitas coisas podem ser reveladas por seus guias e mentores ao meditar neste símbolo.
Da próxima vez que colocar sua roupa branca, sinta este momento, vivencie o estar com a Roupa Branca e seu serviço que vai ser prestado... MEDITEMOS!
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