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Amaci - Parte 1

Sobre o Amaci

Desde o tempo de Zélio Fernandino de Moraes o ritual do amaci é comhecido, estudado e muito se é especulado sobre o que para mim é o ritual mais importante da Umbanda.
De energização para o chacra coronário, batismo e feitura no ritual umbandista, tudo isto é sem dúvida o que vários autores conceituam com a definição de tal ritual.
Bem a minha opinião expo-la-ei:

Foto: Blog Terreiro pai Maneco -tpm.floripa.blogspot
O termo amaci vem do nome "maza" de N'gola (Angola- nação Bantu e rituais Kikongo), é a mistura de água e ervas de cheiro que consagra o kamutuê (coroa - Ori) do adepto ao culto, não necessariamente limitado aos iniciantes no culto, mas aberto a todos os que pretendiam estar em comunhão com as forças da natureza e Deus (J'inkinsi e N'zâmbi). Assim na iniciação se recebem vários tipos de a maza com: ervas purificatórias, ervas de fortalecimento mediúnico (para a possessão), e ervas especiais do seu inkinsi com favas e outros elementos ritualísticos.
Também a maza é a água que lava o kamutuê para o de orolele (obi e orogbo).
A maza ficava dentro da quarta do muzenza (quartinha do iyawo). Não sei dizer quando foi introduzido no ritual umbandista, mas sei que veio das tradições congo-angolenses.


À parte a tradição dos J'inkinsi, o culto aos òrìsà (iorubá) louva ao seu ori como o orixá mais importante na vida do ser humano, e este recebe o abo (abô - sopa) que é uma oferenda de ervas maceradas. Na iniciação o iyawo recebe o sundide em seu ori, que é um banho de ejé - sangue dos sacrifícios animais, vegetais e minerais que também é similar ao amaci.

Magísticamente falando, o nosso órgão mais vital e mais poderoso é a cabeça, por este motivo os magos e bruxas usavam chapéus e cartolas para canalizar a força mental amplificando e enviando ao universo. As guirlandas de ervas sempre foram usadas em rituais místicos, nas cabeças dos adeptos para obterem melhores resultados, e simbolizar a energia do astro que se queria atrair.

Fitoterapicamente o aroma das ervas pode ser restaurador, revitalizador ou calmante.

O amaci é ainda energizador do chacra coronário, para consagrá-lo ao seu Orixá. É um imantador das energias divinas na coroa do médium.

É fortalecedor mediúnico, pois uma cabeça positiva e alimentada é forte.

O candomblé ainda tem o ritual da sasaniyn (sassanha?) as cantigas às folhas e ofó (encantamentos) para atrair o àse e pedir ago (licença) a Osóniyn, onde é preparado o abo do iyawo com as ervas energizadoras para a iniciação.

É o símbolo do batismo cristão, onde se purifica dos pecados, morrendo e renascendo.


Tem também o significado do batismo das ordens iniciáticas, que era feito em níveis elementares (o batismo no fogo, o batismo na água...)

Bem, o amaci é uma oferenda à coroa, que consagra o nosso ori, a nossa coroa mediúnica, na lei de Umbanda. Restitui a vida na nossa cabeça, refresca, apazigua as energias, reestabelece a nossa ligação com o divino harmonizando a nossa energia com o universo.

A seriedade de um amaci na Umbanda, sua relevência e necessidade é tal qual o de um ebo ori nos cultos africanistas.

Continua...

Não existe Umbanda sem amaci!

Comentários

Anônimo disse…
Olá Leonardo.

Gostei muito do seu post sobre o amaci na Umbanda.

Certamente esclarecerá muitas dúvidas entre os neófitos e seguidores.

Continue assim, a trilhar seu caminho espiritual com todo o respeito e atenção que ele merece.

Abraços,

oyadeji
Agradeço humildemente minha cara amiga, eu ainda lembro do meu primeiro amaci, que a minha zeladora, falecida recentemente, ministrou e nossa como eu me tremia todo... Meus pais não aceitavam a minha religião e ficar de preceito foi difícil (mas fiquei). Eu me emociono ainda ao lembrar, bons tempos eu e meus 13 anos(!!!!!!!). Abraços amiga, e agradeço.

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