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Obrigação de Sete Linhas na Umbanda




O Ritual de consagração ou iniciação do Médium às sete linhas da lei de Umbanda é feito em vários terreiros, como entender a complexidade do que está sendo feito, o seu simbolismo, a sua responsabilidade e o que significam os elementos presentes na Umbanda para este ritual? Este texto visa complementar o estudo das sete linhas, que correspondem aos sete Orixás, sete vibrações de energia, sete manifestações de Deus na Umbanda, Sete arcanjos ante o trono de Deus, Sete dias da semana ou SETE PLANETAS da astrologia e mitraísmo antigo.

Ao entrarmos na Umbanda antigamente passávamos por rituais que só entendíamos depois através das lendas, em conversas com os mais velhos em noites de iniciações, chegando cedo nas funções, ou perguntando aos irmãos, padrinhos e madrinhas. Hoje temos a internet e a possibilidade de entender partes do ritual em debates nossos.
É lógico que em certo ponto perguntamos por que se lava a cabeça, por que usamos o obi? por que a banha de ori? por que a quartinha, estrela, as velas e as ervas?


Daí cada elemento tem um significado isolado, e outro simbolismo incluído num contexto maior, nada está ali apenas por estar, e se percebemos a estrutura magnífica simbólica e significativa, objetiva e subjetiva, consciente, subconsciente e inconscientemente perceberemos a beleza e complexidade oculta na simplicidade.

A esteira – Proteção.
Protege a pessoa dos ancestrais que habitam a terra, nos isola energeticamente da grande força telúrica para que não recebamos nem irradiemos ali certas energias que não são necessárias. Quando nos isolamos das energias da terra, também nos protegemos de qualquer força externa, como pensamentos e sentimentos que não precisamos, ali está somente você e seu universo.A sua aura é moldada naquele espaço, as ervas, guias, quartinha, velas, todas são voltadas ao médium ali deitado, além dos pensamentos e vibrações dos médiuns que estenderam as mãos na sua obrigação e que ainda pairam no espaço em que o mesmo está deitado.
Na esteira você fica não só com as oferendas ali dispostas, como com toda a alegria, vibração e pensamentos dos irmãos que estenderam a sua mão para você.

A roupa branca – Pureza.
O branco que está presente na Umbanda, significa a pureza para os ocidentais. Mas também pode simbolizar o universalismo contido na Umbanda, todas as cores estão no branco. Também pode simbolizar o Cristo tido no sincretismo entre Jesus e Oxalá. Talvez ainda simbolize o luto africano, pois a cor da morte nos cultos iorubás é o branco, e a morte do eu consciente acontece na doação e caridade através do nosso subconsciente e inconsciente trabalhado pelo guia.

Os fios de conta – Vibração energética da linha espiritual
As cores dos fios de contas significam atualmente a cor da linha espiritual que rege o médium e o protege. A sua raiz africana são os ilekês que eram feitos de conchas, pedras, corais, marfim, metais (terracota), favas, pedaços de árvores, pedaços de animais, couros de animais, barro e etc.

A firma tem a sua raiz no àse da pessoa, que era um “patuá” de couro do animal sacrificado, que era fechado contendo dentro um pó preparado com as cinzas dos animais, ervas, favas, raízes, sabão da costa, pós (efun, iyerossun, oaz, ossun) e penas sagradas. Este axé era pendurado no fio de contas da pessoa com os traços do odu e enfeitados com miçangas e búzios.

Pemba – Consagração divina
Há uma lenda iorubá que nos conta que no início do mundo não havia nada separado e Obatalá riscou com giz branco para demarcar a sua parte de luz e a outra parte foi feita de trevas. Na tradição Bantu, Mipemba é uma divindade feminina que foi transformada em giz e o Deus Tempo (espírito santo na Angola - Kitembo) nos ensinou a usá-la para atrair vida, energia positiva, saúde, prosperidade, axé.



Água – Vida, sem água é impossível existir vida. Sangue mineral.

Vela – Luz, chama sagrada interna, presença divina no interior da pessoa, alma. É o sol, que desde as antigas religiões afasta as trevas.

Ervas – Sangue vegetal
Simboliza a energia vital contida nas ervas.

Velas de cera – Sacrifício

Azeite doce – Unção
No cristianismo simboliza a unção, nos cultos solares anteriores ao cristianismo romano, simboliza o astro sol. Aliás é um conjunto de elementos que sempre fizeram parte do agrado ao sol como o vinho, o trigo, o azeite, mel. A oliveira também é uma erva ligada ao astro rei.

Vinho tinto – Sangue de Cristo
O cristo que falamos aqui independente da religião ou seita que mistifiquemos a Umbanda, é o Cristo interno despertado em muitos dos grandes homens que encarnaram nesta esfera e em outras esferas onde a evolução se realiza e sacrificaram sua vida em prol da humanidade. O Cristo místico que falamos é a personalidade de filho digno de Deus. Este Cristo é Jesus, Gandhi, Chico Xavier, Hiran Abiff, Sidarta Gautama (Buddha), Krishna, Osíris, Hórus, Akhenaton, Dionísio, Lorde Ramma, Apolônio de Tiana, Orunmilá... Todos os que se sacrificaram pela Luz maior. Krestos em grego significa o Ungido, todos podem se tornar ungidos por esta definição.

Obi – Pacto com Deus e a vida
A lenda de Obi diz que Olodunmare pegou orações no céu em forma de nuvens, moldou em sua mão e plantou na terra para que qualquer ser humano pudesse fazer uma oração para entrar em contato com ele. Outra lenda conta que Obi foi um homem que era pobre e recebeu de Olofin o poder de predizer o futuro das pessoas. Ficou rico e famoso com este dom, e passou a não atender mais aos negros, pobres, aleijados e isolados da sociedade. Olofin castigou obi por ter feito mau uso do dom divino e o transformou em uma fruta dizendo: -De hoje em diante serás uma fruta e nascerá no alto das árvores para entender que quanto mais o ser pode crescer mais alto será o seu tombo. Serás negro por fora e verde, rosa, vermelho e ás vezes branco por dentro, servirás a todos sem distinção de cor, raça, ou condição social. Todos os que quiserem entrar e contato com os dons divinos lembrarão de você, aqueles que abrirem o obi tem de se lembrar que para fazê-lo devem ter humildade, sabedoria e usar a caridade. E que o orgulho e vaidade só os afastará de Deus.

Orogbô – Pacto com os antepassados
Aqui entra a questão de honrar a raiz de nossa árvore, e que sem raiz a árvore morre. Com o orogbô nós rendemos culto aos que pisaram nesta terra antes de nós e tem muito a nos ensinar.

Efun – Símbolo de fertilidade
O efun é o símbolo da procriação de Obatalá

A estrela de 5 pontas – Não sei o significado objetivo, mas citarei os simbolismos subjetivos da mesma: Corpo humano com os braços abertos; cinco elementos; microcosmos – Todo ser humano é uma estrela, e um universo em miniatura; Símbolo da Umbanda para alguns; Símbolo da vida e EVOLUÇÃO ESPIRITUAL, sendo que a estrela com a cabeça para baixo é para a involução, ou EVOLUÇÃO MATERIAL.

Quartinha – É onde oferecemos água aos antepassados, onde o hálito divino se faz presente na evaporação da água.

Canjica – Axé
Milho branco, símbolo do sol, é um alimento ligado ao culto dos Orixás mais velhos, de quando a luz foi feita, e dizem os estudiosos que não havia cores... A questão é que aqui a canjica está com mel, que simboliza o sol, sua riqueza, saúde, prosperidade, vida, luz. E está coberta de algodão, que é o símbolo das nuvens, a pureza de Obatalá, o plano mental. Algodão é imaculado, nasce limpo e perfeito por natureza, assim como desejamos que fique o Ori – cabeça do médium, limpa, protegida das impurezas, imaculada de pensamentos impuros. Também está com leite do coco, que nasce branco e puro, é um alimento sagradíssimo para todos os orixás e é uma cabeça vegetal.

Arroz – Felicidade e prosperidade

Banha de Ori – É a banha de uma erva chamada ewê Ori, a folha da cabeça, e sua cera alimenta o nosso ori como (talvez) nenhum outro alimento possa fazê-lo. Refresca, tempera, acalma a nossa cabeça.

Sebo de carneiro – É uma gordura de Origem animal que significa o Agután – carneiro, que é um dos maiores alimentos ofertados somente aos reis. É um animal dócil, e se agacha para o sacrifício, se doa para o próximo. É de extrema riqueza e poder de apaziguamento ao mesmo tempo. Só não é bem aceito por Oyá. Simboliza vida calma e próspera. Como nem sempre temos a oportunidade de sacrificar um carneiro, temos presente este símbolo que em muito agrada a nossa cabeça.

Essência – Aqui entra a energia que queremos atrair para aquela pessoa, e é sabido que a essência tem um valor importantíssimo, pois ela produz um efeito calmante, ou relaxante, ou revitalizante... na pessoa e a induz a comungar com energias mais sublimes.

Formamos a base dos quatro elementos na cabeça do médium com: A vela (fogo), a água, o ar (hálito insuflado na cabeça da pessoa), a terra (os demais elementos).

Agora quero citar o Culto a Olodunmare (Deus) na África, escrito por José Beniste no seu livro Orun Aiyê – O encontro dos dois mundos. Beniste nos conta que o culto a Olodunmare era feito em somente um local no continente Africano e faziam da seguinte forma: Acordavam os sacerdotes pela manhã e oravam pela comunidade mundial, havia uma pedra onde pintavam de efun, pingavam três gotas d'água, abriam um obi de quatro gomos e o deixavam ali aberto. Por cima sacrificavam galinhas e o que o jogo determinasse. Depois não aparecem mais relatos de nenhum outro autor para confirmar o que o sacerdote confiou a Beniste, deixando assim uma dúvida quanto ao culto a Olodunmare.
Mas desta mesma forma que procedemos o culto ao Ori, quando fazemos este ASSENTAMENTO DE DEUS NA NOSSA CABEÇA, E REAVIVAMOS O PACTO COM DEUS QUE JÁ ESTAVA FEITO ANTES DE NASCERMOS.

O nosso ori é a morada dos nossos pensamentos.
O ori é o sol da nossa vida. É a morada de Deus neste mundo interno, e se reflete nas moradas externas de Deus que nós chamamos de natureza.
Quando o nosso ori está iluminado e cheio de amor, assim enxergamos o mundo, iluminado e amoroso. Mas quando não permitimos que as águas da vida lavem os nossos pensamentos e sentimentos, criamos indigestão ao nosso ori, de ódio, orgulho, sectarismos, desunião, desarmonia, doenças... Já observaram que uma pessoa doente tende a enxergar doença em tudo?
É pelo reflexo do nosso mundo interior no mundo exterior.
Agora imagine-se realizado após este ritual em que elevamos os nossos pensamentos ao divino criador que a tudo preenche com beleza e perfeição, veja-se repleto de força interior para as atitudes positivas, mesmo que não deitemos na esteira e só estiquemos as nossas mãos para o irmão deitante.

Quanta luz podemos irradiar para a nossa vida e para que aquele irmão seja repleto de saúde espiritual?

Será que existe limites para a energia do criador?

Estamos prontos para lavar as nossas cabeças, energizar a nossa aura, refazer o pacto com os dons divinos e com a mente infinita do criador. Estamos prontos para nos enchermos de saúde física, equilíbrio emocional, plenitude de paz, atitudes positivas, vitórias, superações.

Estamos prontos para comungar com o criador, e ele comungará conosco, e habitará em nós!

Abraços
Tenha uma vida de sucesso equilibrada com mais amor.

Comentários

Anônimo disse…
Grata pelo esclarecimento.Sucesso e Alegrias.
Muito bom este estudo e aplica com detalhes
Unknown disse…
Como uso a Banha de Ori para fazer a positivação do meu Ori?

Obrigado.

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